Rogério Minotouro.
O ano era de 2.005
o tatame da Brazilian Top Team estava lotado.
José Mário Sperry de malha preta e crônometro na mão, suando em bicas
gritava o treino dos irmãos Nogueira, e ao centro estava Rogério jogando por
baixo com sua perigosa meia guarda, os adversários iam mudando de acordo como
José Mário mandava, enquanto Rogério não saia do meio, o treinador fez sinal
pra mim, eu seria o próximo a entrar e então pensei: "Não vou ser raspado
de jeito nenhuma nessa meia guarda, vou dar meu sangue"
Rogério se preparava para encarar no Pride Maurício Shogun Rua, num
clássico BTT versus Chute Boxe que depois se tornou uma das melhores lutas de
todos os tempos. Eu fui empurrado pra cima de Rogério que estava perto de
completar os dez minutos direto, eu fiz a pressão maior que pude, fiz a força
que o meu corpo pode me dar e em pouco mais de 2 minutos já tinha caído numa
armadilha e sendo raspado; de meia guarda. Essa era a marca registrada do
Nogueira, seu excelente chão.
Depois de se tornar um dos grandes nomes do Jiu-jitsu em eventos de Vale
Tudo/MMA Rogério começou um treinamento de Boxe com Mestre Dórea que
desencadeou em Rogério uma faceta até então revelada de uma forma não tanto
explícita, mas que diante dos treinos no dia a dia a descoberta que ele tinha uma aptidão acima do
normal no Boxe, fez com que ele se lança-se num desafio que nos encheria de
orgulho e que mudaria sua forma de lutar significadamente, ele se lançou num
sonho de disputar um Jogos Panamericano, assim o fez e se sagrou medalhista com uma
honrosa e bonita medalha de bronze, marcando seu nome assim para sempre no
livro dos medalhistas em Jogos Panamericanos do Brasil.
Alguns especialistas e até mesmo ex companheiros de treino começaram a
criticar a nova postura de Rogério dentro dos cages e ringues, por deixar o
Jiu-jitsu de lado e ter o Boxe como seu carro chefe em suas apresentações. É
verdade que a sua estréia no UFC não poderia ter sido melhor, com um nocaute
impressionante em cima de uma das promessas do Brasil na categoria, Luis Banha
Cane, em contrapartida, chegamos a ver um Rogério sem soltar o jogo em
determinadas situações com medo de tomar quedas e perder por pontos, mas já o
vimos buscar a luta e o adversário correr do confronto, pontuar com pouca ação,
usar as regras e vencer. Tive também o "desprazer" de ouvir que ele
estava ultrapassado, que UFC não dava mais pra ele, como já ouvi isso do Lyoto,
do Shogun e do seu irmão Rodrigo e todos sabemos como cada um deles calou os
mais pessimistas pedi em silêncio uma nova oportunidade para Rogério.
Durante esses 8 anos que acompanho a carreira de Rogério mais de perto,
tenho observado o quanto ele evoluiu como lutador e amadureceu como homem. Da
paternidade a contusões vencidas, as adversidades da vida o tornaram um ser
humano melhor ainda.
Estive com Rogério no Rio para acompanha-lo numa sessão de treino onde
podemos conversar muito antes e depois e fiquei feliz com que ví no treino
puxado por Erivan Conceição e na preocupação de Rogério em deixar o Jiu-jitsu
afiado, aos cuidados do Everaldo Penco que vem fazendo um trabalho excelente
como um todo na equipe Team Nogueira.
Treinando forte novamente, plenamente recuperado, com o Jiu-jitsu em
dia,com um fóco especial no Wrestling, boa preparação física e soltando o jogo, vejo Rogério forte candidato a
rankear rapidamente com duas a três boas aparições, novamente a um lugar que
lhe é de direito, na fila dos contenders.
Bem treinado, focado, com a cabeça boa, Rogério tem tudo para nos dar
muita alegria,
eu acredito, e você?
Olivar Leite.
Nenhum comentário:
Postar um comentário