Marcos Barbosa é um legítimo Samurai Moderno.
Extremamente leve, tranquilo, tem sempre como seu cartão de visita a educação e o bom exemplo, e um casca grossa da pesada. Líder de verdade, arrasta pelo exemplo, um cara respeitado e admirado por todos.
Tive a honra e alegria de conversar com esse cara incrivelmente humilde , gente boa e bom papo.
Confira o bate papo com esse monstro do Judô e do Jiujitsu.
Confira abaixo :
1 Dê uma rebuscada na sua vivência e trajetória no Judô
Eu comecei como todo adolescente tentando ter uma presença marcante entre os amigos, mas com o passar do tempo acabei me apaixonando pelo esporte por causa do meu professor, graças a Deus tive ótimos professores , meu professor primeiro em Guararapes, grande fonte de inspiração e depois me mudei para Bastos que era referência no Judô e conheci o professor Umakakeba que era professor do meu professor ..... ai foi um grande passo pois Pastos era inspirador , lá nessa época só se falava em Judô , hoje mudou mas nessa época , Bastos era a cidade do ovo, mas u Judô era o coração, o Sensei era inspirador, os pais colocavam os filhos para treinar, o Sensei era mais conhecido e tinha mais influência do que o Prefeito , de lá parti para o Japão sob influência dos meus Senseis, que se eu quisesse alcançar algumas coisas que eu tinha que correr atrás, então consegui uma bolsa na faculdade de Tenri, fiquei por dois anos lá , o Masahiro Kimura foi técnico de lá , o único tri campeão olímpico é de Tenri , fabrica grandes campeões mundiais até hoje , a grande sensação de hoje o Ono é de Tenri , é uma cidade inspiradora, não só pelo trabalho da faculdade mas também pelo trabalho realizado nos colégios de base , de lá voltei para Bastos e lutei os Jogos Panamericanos de Cuba em 91, lutei o campeonato Mundial em Barcelona também em 91 e de lá vim para São Paulo através do Esporte Clube Pinheiros pois Bastos já não tinha condições financeiras além de ficar muito longe , fica muito difícil você ficar longe de São Paulo além do suporte muito grande do Esporte Clube Pinheiros , na eterna busca da evolução no Judô e ai depois de 4 anos treinando Judô no Esportes Clube Pinheiros conheci o Jiujitsu , e assim o Judô abriu as portas para mim na vida, abre até hoje, quando digo Judô, digo também o Jiujitsu que pra mim é tudo a mesma coisa o que muda são as pessoas , como arte marciais são a mesma coisa mudando as pessoas, regras e formas , as pessoas costumam me perguntar com o que eu trabalho , eu comecei a treinar Judô com 13 para 14 anos e até hoje na minha vida só trabalhei com lutas .
2 Como o Judoca se tornou um grande competidor de Jiujitsu
Eu me tornei competidor no Jiu quando treinava Judô no Pinheiros, eu não consegui me adaptar aos treino do Pinheiros, até hoje tenho grandes amigos do Pinheiro, mas no tocante ao treino, não consegui me adaptar e eu estava num período um tanto conturbado e através de alguns amigos conheci o Jiujitsu e eu dava aula num projeto chamado USP Xerox para fazer atletas de base do Judô, e lá iam alguns atletas e eles faziam o Jiujitsu que era da Cia Paulista que existe até hoje e na década de 90 os praticantes de Jiujitsu não tinham esse comprometimento como você conheceu bem Olivar, não tinham esse comprometimento com o treinamento eram os Bad Boys, Pit Boys, os caras boladão , briguentos e eu já era um judoca que tinha sido seleção brasileira, já tinha tido experiência internacional com outros professores, outros métodos de treinamentos físicos e na época os caras eram marombeiros e boladão , os caras faziam 2, 3 rolas e tava bom, então quando eu comecei a competir no Jiujitsu eu me sobresai , não com os atributos técnicos necessários mas eu me sobresai com a minha qualidade física, e só com o tempo fui aprendendo, então peguei toda a minha bagagem que tinha no Judô e coloquei no Jiujitsu pois já tinha sido campeão paulista e brasileiro de Judô, competido lá fora , e o pessoal na época do Jiujitsu não tinha isso e graças a isso consegui ganhar vários eventos de Jiujitsu e fui aprendendo as técnicas, conhecendo o mundo do Jiujitsu , no começo é difícil, você está acostumado com o Judô , você entra no Jiujitsu naquela época, vê aquela bagunça, os caras entrando de tênis no tatame, batendo no tatame , torcendo ao lado do tatame, quase entrando pra bater no juiz, aquilo lá foi um choque muito grande , mas eu fui assimilando pois eu sempre gostei de fazer chão, então não foi complicado assimilar o chão em si, em Bastos se fazia muito chão .
3 Fale de como é ser líder de uma grande equipe e até hoje se manter competindo
Por ser líder de uma equipe foi quase que natural, isso desde Bastos, o Sensei tinha um grupo de crianças e ele que cuidava , eu e mais dois éramos os garotos mais velhos, cuidávamos dos garotos mais jovens, o Sensei ia nos mostrando, explicando e nós íamos ensinando aos mais novos, e vindo para São Paulo eu comecei a dar aulas de Judô para ajudar na renda e no Judô conheci a minha esposa a Carla Lívia, nos casamos, tivemos filhos e realmente precisei trabalhar, e como consequência natural comecei a dar aulas de Judô e de Jiujitsu, e eu sempre carreguei isso dos meus professores, se for fazer algo faça certo, faça corretamente, mesmo que você não seja o melhor, se esforce, seja referência, e para isso você tem que estar focado, disciplinado para que as coisas aconteçam da forma que você está planejando.
Uma coisa todo mundo quer, ser líder de academia, professor, mas não tem a disciplina necessária. E foi isso de ter uma equipe, ter uma equipe grande ter pessoas no teu Dojô, viver e fazer aquilo que eu gosto e pra isso é preciso ser disciplinado, tive que aprender a ser empresário, eu era atleta e ensinava, agora ser empresário rs ,Olivar você sabe que é diferente, quando eu comecei eu cuidava do Dojô mais ai o negócio vai crescendo e eu precisei ter ajuda de outras pessoas, você tem que entender que você precisa de pessoas, você tem que aprender a ouvir, ser maleável , distribuir funções, e imagina ainda se manter competindo, eu parei um tempo justamente por causa disso. Eu entendi que se eu não fizesse a minha equipe crescer, eu não iria comer e ai você imagina, cuidar da equipe, dar aulas, ter uma família, eu não tava conseguindo conciliar tudo, hoje eu tenho um grupo de pessoas que me ajudam , a minha esposa cuida de grande parte da administração da academia, tem as pessoas que cuidam das mídias sociais, de uma plataforma que eu tenho que ajuda a manter a equipe que são mais cinco pessoas, a Carla também administra um monte de gente, professores, alunos, mas ai com o tempo eu me reanimei, pois mesmo sem competir, eu nunca parei de treinar, eu só não competia, até por quê pra competir o buraco é mais embaixo rs, pois você precisa descansar, fazer dieta, imagina isso tudo, então tem todas essas pessoas que me ajudam, hoje tem um médico que ajuda no meu treinamento, e pra competir e fazer tudo isso tem que ser disciplinado, e é exatamente ai que a maioria das pessoas pecam, ter aquele dia contadinho, entender o que não pode, na realidade o competidor mais velho é só não pode, pois para atingir o resultado é manter-se firme e forte, alinhar as coisas, mas é difícil, eu vou lutar novamente o BJJ Stars novamente no dia 6 de novembro, tem que se cuidar, ter cuidados para não se machucar, não sou mais criança né Olivar, tenho 53 anos o bicho pega rs, você tem que está bem consciente, mas graças a Deus tenho pessoas para me ajudar.
4 O que você diria a alguém que de fato sonha em viver de e para as artes marciais
O cara pra viver das Artes Marciais tem que entender o que eu já disse anteriormente, é a eterna condição de, não pode! Pois só assim você poderá atingir uma alta performance, usando o não pode e mesmo assim Olivar não é garantia, tendo tudo isso que já falamos, apoio, pessoas que te ajudam, tudo, ainda assim não é garantia de ser um campeão mas uma coisa é garantida, você será grande, você vai adquirir muito conhecimento e isso te fará grande, e isso sou eu falando é nisso que eu acredito, eu por exemplo não consegui meus objetivos, eu queria ter subido num pódio olímpico, a minha geração no Judô foi muito forte, lutei com muitos deles, em Barcelona eu era da categoria do Rogério que foi campeão Olímpico, nas Olímpiadas seguinte tinha o Henrique que foi terceiro, então eu tive grandes adversários eu não consegui, dizer que você não fica frustrado, pois teu adversário conseguiu e você não, faz parte, mas nem por isso eu parei , temos que engolir, digerir, amadurecer e trazer disso coisas boas, eu me dediquei tantos, fiz tantas coisas fiz outras tantas que não gostaria de ter feito, pra tentar conseguir, não consegui, mas e a carga de conhecimentos que eu adquiri todos esses anos eu vou jogar fora no lixo, de jeito nenhum, mesmo no Jiujitsu eu gostaria de ter vencido muito mais , mais todo esse aprendizado tem como eu usar e ajudar na minha família, com as pessoas ao meu redor, as pessoas que trabalham comigo, então tem como usar toda essa bagagem como benefício, é difícil, é difícil, sei que não consegui o meu objetivo mas eu cheguei onde muitos gostariam de ter chegado , e o que eu posso falar para essas pessoas é , disciplina, se dedicar, disciplina, disciplina e se dedicar, você pode não vir a ser o top 1 mas a carga de conhecimento vai te beneficiar ajudando a todos que estão ao seu redor.
5 Faça seus agradecimentos e deixe a sua mensagem
Os agradecimentos são para as pessoas, professores, pais , alunos, adversários, a todas as pessoas que me ajudaram a crescer , precisamos agradecer aos nossos adversários, são eles que te ajudam a correr atrás, te apontam tuas falhas , te fazem correr atrás, a todas essas pessoas, as dificuldades da vida que acabam te jogando pra cima, as difíceis mas que são elas que nos ajudam a crescer e a minha mensagem é que se você quer viver de arte marcial, é não parar, é ter disciplina, todos sabemos que temos que trabalhar duro, obedecer as regras, ser disciplinado e temos que ser muito rígido com nós mesmos e flexível com as pessoas em nossa volta, criamos expectativas em situações, em pessoas e nós não temos controle sobre isso, se não temos sobre nós, como vamos ter com outras pessoas e circunstâncias ... disciplina, rigidez conosco e flexibilidade com as pessoas e situações que acontecerão longo da nossa vida que assim alcançaremos o que realmente queremos, uma vida melhor mas pra isso é muita disciplina e trabalho é essa mensagem para que possamos ter coisas boas em nossas vidas.
E Olivar, muito obrigado pela tua atenção e pelo carinho de sempre, o que precisar é só entrar em contato, forte abraço.
Fotos : Arquivo pessoal e BJJ Fanatics.
Olivar Leite.
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