" Nos anos 80, a musculação como é chamada o treinamento de
força aqui no Brasil, era simples, baseava-se nas teorias que foram construídas
nos anos anteriores, tinha influência de várias escolas de treinamento e era
muito prática e aplicável.
Depois, nos anos 90, ela deu um forte passo, muitas
pesquisas confirmaram o resultado positivo da última década e complementaram a
teoria que já existia.
A partir do ano 2000, parece que todo mundo quis "tirar
um pedaço do bolo" e a musculação começou a ser usada para fins realmente
válidos (como diminuir o sedentarismo) e outros não tão nobres (como ganhar
dinheiro de qualquer jeito).
Nesse cenário apareceram as máquinas hipersônicas (que só
elevaram absurdamente o preço das mensalidades) e academias perfumaria (que até
hoje vendem ambiente climatizado como grande diferencial, por exemplo). Também
nessa época nasceram cursos e mais cursos na área e, o que era para ser bom
(elevando a competência técnica do professor) se tornou uma grande desgraça.
Aos poucos, a teoria do treinamento solidamente construída,
foi dando espaço a uma "ciência" capenga e mal feita com suas
ridículas hipóteses e interpretadas por pessoas que absolutamente entendem de
treinamento.
Algo muito ruim estava sendo desenhado.
Duas raças apareceram: o imbecil prático sem argumento e o
ignorante com papel debaixo do braço. As duas raças querendo "dar
treino" e querendo aparecer no mundo midiático marketing.
Neste "mundo", a pessoa (o conhecido como cliente)
foi esquecida (esquecida de fato, esquecida "tecnicamente").
Mas o sistema é foda. Corta a mão para salvar o braço. Se
reinventa.
Criou-se o "novo". Para aparecer mais e vender
mais.
E os novos zumbis de redes sociais compraram! Clientes de
academia e profissionais de educação física (principalmente os recém-formados).
Sem nenhuma reflexão ou pensamento crítico. Compraram o que as duas raças
vendiam: novidades, sensações, vantagens, facilidades, rapidez. O imbecil
prático chamava de "motivacional" ou "diferenciado" e foi
salvo pelo aparecimento do funcional. O ignorante com papel debaixo do (fino)
braço chamava de "quebra de paradigma" e foi salvo por técnicas de
lavagem cerebral.
E todo mundo comprou.
Culpa de quem apareceu nessa última década na área da
educação física (gurus, "coaches", doutores, novos formados)
Culpa de quem está na "liderança" da educação
física (faculdades, crefs, editoras, políticos).
Culpa dos "antigos" profissionais que ficaram em
cima do muro.
Culpa do cliente que compra essas merdas: você também é
responsável! "
Olivar Leite.
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