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sábado, 28 de agosto de 2021

Ilan Pellenberg : A experiência de sair detrás das lentes para o retorno às competições.

                                           Foto: Marcell Fagundes


A experiência de sair detrás das lentes para o retorno às competições.


 

Há alguns anos atuando como fotógrafo profissional no cenário das principais competições de jiu-jitsu do Rio de Janeiro, e de tanto observar e registrar os dramas e superações dos atletas, resolvi eu mesmo deixar a câmera de lado e protagonizar minhas próprias batalhas dentro do tatame. Sentir um pouco o que só se pode vivenciar dentro de uma área de luta. É como se as duas experiências, tanto como fotógrafo quanto como competidor, se completassem, e assim eu pudesse sentir integralmente o que tanto registro nos semblantes suados dos competidores. Uma competição tem o poder de aflorar potências dentro de nós, e eu decidi que precisava disso.

                                            Foto: Luciana Alves.

Minha estréia em competição na faixa preta – fui graduado em dezembro de 2020 pelo Mestre Everaldo Penco - foi logo num campeonato de alto nível em julho do presente ano, o Internacional de Master da IBJJF. Perdi na primeira luta por detalhe, e percebi então que poderia entrar melhor na briga dos próximos torneios caso me dedicasse. Logo me inscrevi no Sul Americano, também da IBJJF, e acabei com um resultado bastante satisfatório: 3º lugar. Mas foi um 3º lugar com gostinho de medalha de ouro. Pegar pódio entre os melhores faixas pretas da minha categoria, logo no meu segundo campeonato grande, me trouxe uma grande realização. Tanto que já me inscrevi no Brasileiro, que acontecerá no final de setembro. Peguei o gostinho novamente. Fazia quatro anos que não competia e pretendo não mais parar.


Graças aos meus queridos colegas da mídia especializada, pude ter um bom e sortido material da minha atuação nesses dois campeonatos. Me enxerguei nessas fotografias e vídeos criando minha própria trajetória no jiu-jitsu. E a prova que deixei minha marca, que fiz história, que briguei e que vivi, está justamente nas imagens. O que fica realmente é o que está na fotografia.   

                                            Foto: Milena Maldonado     


Sair detrás das lentes e atuar como competidor traz novas perspectivas, novos ângulos, novas experiências. Aquele árbitro, que tanto clico erguendo braços, está agora erguendo o meu (ou o do meu adversário); aquele cliente que compra fotos comigo, de repente cai na mesma chave que a minha e temos que nos enfrentar, nos enxergar por um outro viés. A visão passa a ser de dentro pra fora. Vejo o mesário, por exemplo, não mais das laterais do tatame aonde me posiciono como fotógrafo, mas da parte central da área de luta. A coordenadora que conduz os atletas da área de concentração até o tatame, agora é ela quem me conduz. As orientações gritadas pelos treinadores (ou coachs) que ficam apoiados nas grades de contenção são agora gritadas para mim ou para o meu oponente. E eu de repente não mais registro as técnicas dos meus fotografados. Eu é que exerço a técnica aprendida na academia junto aos meus irmãos de treino. Aquele pódio que tantas vezes enxergo através do visor da minha Nikon, eu é que estou nele agora, recebendo em meu pescoço a medalha das mãos da moça do staff. Agora eu é que confraternizo com os meus novos amigos combatentes que ainda há pouco trocaram força comigo e me deram a oportunidade de uma grande experiência vivida com verdade.

                                            Foto: Luciana Alves.


Cada vez mais tenho a certeza, enquanto fotógrafo profissional, que a verdadeira fotografia é aquela que fazemos sem o dedo apertando o obturador de uma máquina. É feita quando nosso coração está pulsando a vida. É quando estamos com os pés no solo, trocando energia com o próximo, respirando forte, vivendo superações, sentindo dores e glórias. É clicando com a nossa mente, com o nosso espírito, que as melhores imagens são feitas. São os instantes que somente nossos corações podem observar e absorver. Para se fazer fotos verdadeiras, basta viver a experiência. E quando tudo fizer sentido, tenha a certeza: o click foi perfeito.


Ilan Pellenberg.


                                                   Arte: Deive Coutinho.



Um comentário:

  1. Parabéns ao Blog por falar do Ilan, que é um cara super do bem, excelente fotógrafo e agora no de volta ao tatame vai mandar muito bem também, sem dúvidas. Ele tem uma vocação para superar obstáculos, não só no Jiu-Jitsu, mas na vida também.

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